Diz o velho jargão que dinheiro não compra felicidade -e é verdade. Não fosse assim, não haveria tantos jovens nascidos em berço esplêndido buscando no excesso de álcool e nas drogas algum tipo de alegria que não encontram na "normalidade" de seu mundo "perfeito" -e vazio. Mas não é só a felicidade que não cabe nas prateleiras mercantis. A educação também está na lista.
A Copa do mundo no Brasil, um país onde há 500 anos se reservam os melhores bancos escolares e universitários aos que têm posses, é prova inconteste de que grande parte dos endinheirados anda muito, mas muito mal educada.
Começou já no jogo de abertura, quando a instituição da Presidência da República e a pessoa eleita democraticamente para ocupá-la (que é mulher, mãe e avó) foram achincalhados em coro e em baixíssimo calão. Duas semanas depois, veio mais: no jogo contra o Chile, enquanto a torcida chilena fazia seu show cantando o hino de sua pátria à capela, os brasileiros presentes retribuíram com uma retumbante vaia.
Que baixaria! Protagonizada por um grupo de pessoas pertencente ao topo da pirâmide social do país, com acesso aos melhores colégios particulares, aos certificados das melhores universidades e aos MBAs, além de toda etiqueta social possível.
Ora, de que vale conhecer o mundo e falar inglês fluente se no estádio grita um "vai tomar no c*" até diante de crianças? De que adianta saber se comportar à mesa e usar cada talher e cada taça se, para torcer pela sua seleção, é grosseiro e péssimo anfitrião, avacalhando até com o hino do país visitante?
Boa parte dos ricos e brancos que compõem as arquibancadas da Copa (90% são das classes A ou B e 67% são brancos, segundo o Datafolha) são um vexame diante das câmeras do mundo todo. Debocham do comportamento de quem faz churrasco na laje ou constrói "puxadinhos", mas não têm educação nenhuma nas suas áreas VIP. Pior: essa elite que, segundo excelente observação do jornalista Renato Rovai, é formada por "netos e bisnetos dos escravistas e filhos dos que apoiavam a tortura na ditadura", é um vexame histórico sempre a assombrar nosso futuro.
João Gilberto a cantou tão bem na figura da madame que "diz que o samba tem cachaça, mistura de raça, mistura de cor" e, por isso seria "música barata e sem nenhum valor". Cazuza foi mais contundente, dizendo que ela fede e, enquanto existir, não existirá a poesia.
Essa elite se imagina com bons modos, mas não aceita o outro em seu direito de pensar e agir, tendo completa intolerância ao diferente. Ela defende um Brasil "moderno" mas toca sininho para ser servida à mesa como nos tempos da monarquia, e reclama quando aparece uma lei garantindo direitos trabalhistas à sua empregada. Ela escracha o Bolsa Família, mas enriqueceu com o bolsa-juros da especulação financeira em tempos de 45% de Selic. Mantenedora das redações da velha mídia, ela criou um terrorismo informativo com o "imagina na Copa", alardeando o caos, mas hoje desfila hipócrita e vestida de amarelo pelos camarotes dos estádios, aproveitando o melhor do evento.
Ao contrário do que se previu, não são os aeroportos, nem os estádios, nem o trânsito, nem a segurança das cidades-sede que nos envergonham. Muito pelo contrário, tudo isso é surpreendentemente um sucesso e a Copa já foi eleita, por um júri de mais de cem jornalistas estrangeiros, a melhor de todas. O que nos envergonha é a casta dos bem nascidos, bem vestidos, abastados e titulados.
Felizmente, não é o branco desbotado do "vipismo" brasileiro nem o roxo ataúde da mídia nativa que chama a atenção do mundo, mas o colorido de um país diverso, hospitaleiro, belo e criativo. A Copa venceu, o Brasil venceu como sede da Copa e a vergonha se limita ao pequeno camarote dos que ainda se acham donos da Ilha de Vera Cruz.
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Lembra o que a mídia alardeou sobre a Copa? CLIQUE AQUI e veja as capas mais bizarras
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Boa parte dos ricos e brancos que compõem as arquibancadas da Copa (90% são das classes A ou B e 67% são brancos, segundo o Datafolha) são um vexame diante das câmeras do mundo todo. Debocham do comportamento de quem faz churrasco na laje ou constrói "puxadinhos", mas não têm educação nenhuma nas suas áreas VIP. Pior: essa elite que, segundo excelente observação do jornalista Renato Rovai, é formada por "netos e bisnetos dos escravistas e filhos dos que apoiavam a tortura na ditadura", é um vexame histórico sempre a assombrar nosso futuro.
João Gilberto a cantou tão bem na figura da madame que "diz que o samba tem cachaça, mistura de raça, mistura de cor" e, por isso seria "música barata e sem nenhum valor". Cazuza foi mais contundente, dizendo que ela fede e, enquanto existir, não existirá a poesia.
Essa elite se imagina com bons modos, mas não aceita o outro em seu direito de pensar e agir, tendo completa intolerância ao diferente. Ela defende um Brasil "moderno" mas toca sininho para ser servida à mesa como nos tempos da monarquia, e reclama quando aparece uma lei garantindo direitos trabalhistas à sua empregada. Ela escracha o Bolsa Família, mas enriqueceu com o bolsa-juros da especulação financeira em tempos de 45% de Selic. Mantenedora das redações da velha mídia, ela criou um terrorismo informativo com o "imagina na Copa", alardeando o caos, mas hoje desfila hipócrita e vestida de amarelo pelos camarotes dos estádios, aproveitando o melhor do evento.
Ao contrário do que se previu, não são os aeroportos, nem os estádios, nem o trânsito, nem a segurança das cidades-sede que nos envergonham. Muito pelo contrário, tudo isso é surpreendentemente um sucesso e a Copa já foi eleita, por um júri de mais de cem jornalistas estrangeiros, a melhor de todas. O que nos envergonha é a casta dos bem nascidos, bem vestidos, abastados e titulados.
Felizmente, não é o branco desbotado do "vipismo" brasileiro nem o roxo ataúde da mídia nativa que chama a atenção do mundo, mas o colorido de um país diverso, hospitaleiro, belo e criativo. A Copa venceu, o Brasil venceu como sede da Copa e a vergonha se limita ao pequeno camarote dos que ainda se acham donos da Ilha de Vera Cruz.
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