"Carioca? Solteira? Louca para encontrar um príncipe encantado entre os 'gringos' que estão invadindo o Rio de Janeiro durante a Copa? Chegou sua hora. Mande fotos e por que você quer um gringo 'sob medida' para este e-mail: namoradaparagringo@globomail.com". São palavras de Luciano Huck postadas em seu perfil no Twitter e no Facebook, retiradas logo depois de enorme reação negativa de quem o segue.
Sim, o mesmo Luciano Huck que, quando o jogador Daniel Alves foi agredido moralmente com uma banana jogada ao gramado de estádio europeu, lançou camisetas à venda, buscando faturar com o episódio de racismo escancarado. E o mesmo Luciano Huck que, ao lado de sua esposa loirinha-ex-apresentadora-de-programa-infantil, estampou a capa da revista Veja sob o título "A reinvenção do bom-mocismo - Angélica e Huck formam um casal perfeito para um mundo politicamente correto".
Pois o "bom moço" que vende bananas estampadas em camisetas achando que, assim, vai acabar com o preconceito racial no mundo, também faz o cafetão em tempos de Copa do Mundo no Brasil. O "bom moço", que arranca lágrimas de espectadores com seu programa de auditório, reformando casas simples e explorando a desgraça de pessoas pobres para gerar ibope e altíssimos patrocínios, se presta também ao papel de gigolô tupiniquim diante da "realeza" gringa.
A atitude de Luciano Huck é a perfeita tradução de uma elite brasileira tão rica e tão pobre. Rica em dinheiro e bens materiais oriundos da desigualdade social gritante, mas pobre de cultura, pobre de valores, pobre de respeito ao outro, pobre de alteridade, pobre de dignidade, pobre de ética, pobre de sustentabilidade e até de humanidade. Uma elite colonizada e com pensamento escravocrata, que imagina um mundo comandado por varões brancos donos da verdade e de muitos súditos.
A postagem ao estilo cafetão do apresentador de auditório global, inventor da Tiazinha e da Feiticeira -objetos sexuais para satisfazer a tara de adolescentes-, escancara um pensamento de séculos passados, da mulher desprovida de autonomia que deveria ser entregue a um marido como uma propriedade. Na cabeça de Huck, um grande partido para as cariocas solteiras é encontrar um gringo rico que as compre como se compra uma boneca inflável, tal qual os senhores de engenho compravam os escravos, tal qual as famílias patriarcais do passado entregavam suas filhas a maridos escolhidos pelo pai.
O azar de Huck é que ele usou a mídia do presente (e do futuro) para postar sua visão arcaica, e acabou tropeçando nos novos tempos. O "bom moço" da Veja mostrou que tem dons de macho cafetão. Que mico!
Olha, não curto ele, mas acho que o povo exagera muito! Pelamor... não acredito que a intenção dele foi objetificar a mulher. O que mais me irrita é esse falso moralismo do ser humano (não é uma coisa que se encaixa apenas aos brasileiros, mas americanos principalmene, etc).
ResponderExcluirEnfim, realmente não dá pra rir de tudo, mas acho que o povo pesa a mão demais as vezes, independente de ser o bom moço, a funkeira, etc. Essa mania de criar polêmica com tudo... hipocrisia.
Meu caro (ou, minha cara), eu ponderei muito sobre isso antes de escrever este artigo e ter minha posição sobre este caso. E não concordo que há exagero neste caso. Um evento como a Copa em um país como o Brasil é um enorme alarde para o turismo sexual, que devemos combater com todas as nossas forças. Em vez de fazer isso, um comunicador conhecido nacionalmente faz o papel de laranja entre "um príncipe gringo" e alguma carioca solteira a fim de pegar um homem rico. Ele dá até e-mail para isso!!! É muito grave! E fere até a própria lei, que considera crime o aliciamento de mulheres para tal condição. Acho que hipocrisia seria deixar passar isso em branco, como algo aceitável. Abraços.
ResponderExcluirSe tratando desse assunto, realmente não dava para ignorar. É que esse falso moralismo, especialmente relacionado a Copa do Mundo, me irrita demais. Mas realmente tanto se falou sobre a exploração sexual de turistas com brasileiras, menores, etc. Realmente foi uma bola fora do "bom moço" mesmo.
ExcluirAbraço
Sim, e esse é um tema muito delicado que, por mais que se fale, é difícil de coibir. Soma-se ao problema o fato de a nossa mídia praticamente alardear uma erotização absurda da mulher, transformando-a num objeto sexual, o que contribui para uma realidade machista e também para a exploração sexual. Não faz muito tempo, o programa Raul Gil colocou crianças dançando "na boquinha da garrafa", o próprio Huck criou Tiazinha e Feiticeira (extremamente sexualizadas), das muladas do Sargenteli às chacretes globais, sempre se resumiu mulher a bunda e peito. Enfim, uma lástima. Também odeio falso moralismo, mas acho a discussão pertinente. Grande abraço!!!
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