sexta-feira, 7 de março de 2014

Não engrosse o coro dos idiotas!


Para refrescar a memória e derrubar alguns argumentos toscos que voltam a ser usados pelos neorreacionários, saudosistas do regime militar:

Havia menos corrupção no tempo dos militares...
Citemos apenas um dos maiores ícones da ditadura, Paulo Maluf, que consta até da lista da Interpol por suas falcatruas. Superfaturamento de obras, propinas, dinheiro enviado ilegalmente ao exterior estão na ficha de Maluf. Os militares tinham uma vantagem para roubar que os governantes da era democrática não têm: o Ministério Público e a imprensa, por exemplo, não eram livres para denunciar absolutamente nada, então tudo era acobertado.

A economia do país era melhor no regime militar, pois houve o "milagre econômico"...
Ah, é? E o que dizer da dívida externa, que saltou de US$ 3 bilhões em 1964 (ano do golpe) para quase US$ 100 bilhões no final do ciclo militar tornando o Brasil um país completamente dependente da economia norte-americana e sem nenhuma soberania econômica? Nossa dívida, hoje quitada, chegou a ser considerada "impagável" por culpa dos militares e só o que ela custava em juros fez o país deixar de investir em saúde e educação, por exemplo.

O trabalhador vivia melhor na época dos militares...
Outra mentira. A ditadura arrochou salários. Falando em números, entre os anos de 1965 e 74, o salário mínimo, em vez de subir, despencou para míseros 69% do poder aquisitivo que tinha em 1940.

A educação era melhor no tempo dos militares..
Basta um exemplo para derrubar essa ideia sem nenhum fundamento. Paulo Freire, um dos maiores educadores da história do Brasil e até hoje uma referência pedagógica para nós, foi perseguido pelos militares, preso e forçado a deixar o país. Da mesma forma, muitos outros professores foram proibidos de ensinar a pensar e as escolas tinham disciplinas criadas com o único propósito de fazer lavagem cerebral nos alunos em defesa do governo.

Havia mais segurança na época da ditadura...
Não poder pensar diferente do governo e correr o risco de ser preso por subversão, torturado e morto, sem direito a nenhum julgamento, seria algum tipo de segurança? Os militares criaram uma polícia política, cujo único propósito era perseguir quem eles imaginavam ser inimigos do sistema. Muitas pessoas que sequer eram ativistas ou engajadas em alguma ideologia chegaram a ser presas e desapareceram na paranoia da arapongagem.

Nossa ditadura não foi tão violenta...
Nessa até a Folha, que apoiou o golpe como O Globo, o Estadão e outros da velha mídia, embarcou. Uma mentira deslavada. Um bom livro para se entender a violência da nossa ditadura é "Brasil nunca mais", com relatos de torturas de arrepiar a espinha. Só para citar algumas formas usadas pelos militares para tirar informações de quem eles desconfiavam ser contra o governo (poderia ser você, que é contra o governo de hoje), estão choques elétricos dados em genitais, baratas inseridas na vagina de mulheres grávidas, afogamentos, agressões violentas nos ouvidos (chamadas de "telefone") capazes de estourar tímpanos, pau-de-arara, entre muitos outros. Quer ver mais, clique aqui e leia o que a Editora Abril, dona da Veja (baluarte do pensamento reacionário) publicou sobre as torturas. Quer mais? Assista, clicando aqui, ao que a Record levou ao ar sobre torturas feitas em crianças!

Precisamos dar um basta em tudo o que está aí e por isso intervenção militar já!
Ora, tudo o que está aí, bem ou mal, é fruto do que a maioria dos brasileiros escolheu. Quer melhorar? Participe de alguma forma, pois a democracia permite muitas! Quer mudar? Vote em outro grupo político! Não confia em nenhum? Crie o seu próprio grupo e proponha algo que lhe pareça melhor! Só não faça a bobagem de achar que, sem liberdade, alguma coisa possa melhorar, porque isso é deixar de acreditar até em si mesmo, é colar na própria testa o título de idiota que necessita ser comandado por pessoas truculentas. Muita gente lutou dando a própria vida para o direito de você pensar como quiser e agir como quiser. Não seja um mal-agradecido querendo viver no cárcere da ignorância.

(Imagem de Vladimir Herzog, jornalista enforcado na cela, uma das muitas vítimas da ditadura brasileira).

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