Os do passe-livre vão dizer que é pela passagem de ônibus. Os antitucanos vão falar que é contra a polícia nazista do Alckmin. Os antipetistas afirmarão que é contra o jeitão da Dilma. Os críticos à velha mídia terão certeza de que é contra a Globo e os veículos discípulos. Os dos partidos radicais de esquerda vão dizer que é contra tudo. Outros talvez nem saibam dizer por que entraram ali, mas entraram e gostaram de ter alguma atitude. Qual resposta é correta? Talvez ninguém saiba, pois certamente tudo o que está acontecendo surpreende não apenas quem assiste, mas provavelmente até quem organiza.
Erraram feio os que diziam que a internet é apenas um meio alienador de gente que não tem coragem de sair das telas do notebook. Tiveram de voltar atrás, diante das câmeras, os Datenas e Arnaldos Jabores que vociferavam, do alto de sua onisciência arrogante, contra “baderneiros” e “rebeldes sem causa”. A Globo precisou esconder sua logo, que era sinônimo de status, dos microfones dos repórteres (chegando a ter profissionais expulsos do manifesto). E até a polícia precisou baixar suas armas, seu gás lacrimogênio vencido e suas balas de borracha que “não matam”, mas cegam.
O Brasil está boquiaberto. Nem esquerda, nem direita, nem ninguém sabe entender ao certo o que é isso. Seriam mesmo aqueles jovens do Facebook, que não leem jornais e não dão a mínima para as capas da Veja e as novelas globais? Sim, e talvez justamente por isso. Tomaram a Paulista, a Marginal, a Ponte Estaiada. Chegaram ao Palácio dos Bandeirantes. Estão no Congresso Nacional. Na Assembléia Legislativa do Rio. Já são mais de 200 mil e não cansam. Já marcaram o sexto protesto.
A bela Ponte Estaiada deveria mudar de nome, não se chamar mais “Octavio Frias de Oliveira”, o dono da Folha de S.Paulo (hoje comandada pelos filhos), jornal que pediu para a polícia ser “enérgica” contra os “baderneiros” naquela quinta sangrenta. A ponte, hoje, é do povo e não de um dono da velha mídia. E o Brasil de amanhã já é, pelo menos um pouquinho, diferente. Aos olhos de todos (todos!) os políticos. E do mundo.
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