Fui ver "Dossiê Jango", um documentário forte e atual. Atualíssimo, eu diria. Obrigatório a quem diz que acordou (e precisa saber que o Brasil teve uma ditadura que calou, torturou e matou) e também aos já acordados, que certamente se interessarão pelo tema.
A obra se baseia na matança feita pelas ditaduras da América Latina de ex-líderes políticos depostos por golpes. Centra-se na deposição de Jango pelo golpe militar com a fantasiosa ideia de que ele era “comunista”, sua morte, anos depois, cercada de mistério e muito provavelmente planejada e executada na Operação Condor, assim como a de outras lideranças, inclusive Juscelino Kubitschek e seu misterioso acidente automobilístico.
A atualidade do filme está no fato de o Brasil fazer vistas grossas às chagas ainda abertas pela ditadura. Enquanto a Argentina já investigou e mandou à prisão perpétua milicos criminosos da ditadura ocorrida lá, aqui nenhum dos presidentes eleitos democraticamente se interessou em investigar e levar a tribunais nossos torturadores e assassinos.
Outro ponto muito atual é o papel da mídia, sempre uma meretriz no jogo do poder. Foi financiada até por dólares americanos para acusar Jango de “comunista” e seu governo de inflacionário, atrapalhado, desajustado etc etc etc (isso porque ele queria, por exemplo, reforma agrária e política externa não subserviente aos EUA). A mesma mídia, quando o golpe chegou, aplaudiu, misturando-se aos algozes e a tudo de mais podre que tivemos.
Vale demais a pena assistir “Dossiê Jango”, um importante capítulo da história do Brasil ainda em aberto.
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