quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Bolsa Família: vamos aos fatos!


O Bolsa Família ainda é uma trincheira dentro da qual a (e os metidos a) elite brasileira insiste no velho clichê de que "não adianta dar o peixe sem ensinar a pescar". Ironicamente, grande parte dos que repetem essa ladainha são os que fazem dos rios e oceanos deste país seus pesqueiros particulares e não pescam com as próprias mãos, mas se apropriam de benesses espúrias como a especulação financeira, a especulação imobiliária e a exploração do trabalho alheio.

Eu gosto dos fatos, mais que dos sofismas. E, nesta semana, dois fatos interessantes estão relacionados ao Bolsa Família. Vamos a eles.

O primeiro são números: em dez anos de implantação, o Bolsa Família contribuiu com a redução de 28% da pobreza brasileira, superando em 70% a meta estabelecida pelas Nações Unidas para o milênio. Tem mais: a cada 2% gasto com o Bolsa Família, 12,5% são transformados em benefícios para toda a população, pois o programa, além de diminuir a pobreza, estimula a economia e o consumo (clique aqui para ler o que o Estadão teve de admitir).

Tudo fica ainda mais interessantes em números absolutos: 522 mil famílias beneficiadas, 1,7 milhão de famílias (ou 5 milhões de pessoas) tiradas da pobreza e 17,5 milhões de crianças mantidas na escola, já que o Bolsa Família condiciona o pagamento do benefício à educação. A cada 1 real investido no programa, o retorno para a economia brasileira é quase o dobro: R$ 1,78. (clique aqui para ler o que o Valor Econômico teve de admitir)

O segundo fato é o reconhecimento internacional do programa: a conquista do I Prêmio para Desempenho Extraordinário em Seguridade Social (Award for Outstanding Achievement in Social Security), anunciado em Genebra, na Suíça, para o governo brasileiro. O Bolsa Família disputou com vários outros do mundo todo, e venceu, por seus méritos (clique aqui para ver o que o Correio Braziliense teve de admitir).

Não, eu não estou dizendo que esse programa se basta, que é um fim em si mesmo, que não depende de outras ações no sentido de estimular a busca por mais que uma mísera renda governamental. Mas é um começo como nunca houve num país onde o Estado sempre serviu aos donos da Casa Grande, enquanto à Senzala só restavam as chibatadas, a humilhação e a miséria.

Irônico é que as vozes contrárias que se vêem por aqui são representadas por quem tem menos "moral" para fazê-lo. A Globo (que omitiu a premiação do Bolsa Família no Jornal Nacional) sonega impostos que poderiam bancar a saúde e a educação; a Folha, o Estado, a Veja (que sempre criticaram o programa) gozam de total isenção fiscal do papel que sujam com suas rotativas, dinheiro que também poderia ser destinado a investimentos sociais; e todos desta velha mídia recebem gordas verbas públicas, em propagandas governamentais, para se sustentarem. 

Também não gosto desta ironia bizarra. E continuo preferindo os fatos. Pois vivam os fatos!

PS: Um detalhe final, Irlanda, França, Reino Unido e Holanda chegam a gastar 4% do PIB com transferência de renda. O Bolsa Família custa só 0,5% do PIB brasileiro, menos do que o governo FHC gastava com os juros da taxa Selic, no Volsa Especulação. (clique aqui para ver o que a Band News teve de admitir)

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