quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Fatos no esgoto


Andrea Matarazzo é figura importante no ninho tucano. Foi tesoureiro da campanha de FHC em 1998 e embaixador do Brasil na Itália, participando também das gestões de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin em São Paulo. Esta semana, Matarazzo teve quebrados seus sigilos bancário e fiscal. O motivo? Ele é um dos focos da investigação sobre a propinas e formação de cartel nas licitações de metrô e trens paulistas em governos tucanos, falcatruas que envolvem mais de 400 milhões de reais.

O transporte público foi o estopim das maiores manifestações ocorridas no Brasil desde as Diretas Já. É um tema relevante, e não só por isso, pois basta observar a imobilidade urbana de nossas cidades para se chegar a tal conclusão. A corrupção (ou, a luta pelo fim dela) é outro ponto importantíssimo de ser discutido, e não só no Brasil. Portanto, a investigação sobre o cartel e a quebra do sigilo de Matarazzo são fatos de extrema relevância na agenda pública. Mas, não é assim que pensa a mídia tradicional (ou, a velha mídia).

Os três jornalões de circulação nacional, O Globo, Folha e Estado, desdenharam a notícia, poupando ao máximo o nome de Matarazzo em seus noticiários. Folha e Estado deram chamadas de capa no papel e em seus sites, mas NÃO MENCIONARAM nem Matarazzo nem seu partido, nem nas capas e nem nos títulos internos; O Globo deu apenas uma notinha interna, sem nenhuma importância.

Ou seja, para a velha mídia, o nome de um político investigado por participação em um escândalo que envolve a construção de linhas de metrô e trens na maior cidade do Brasil é uma bobagem. 

O mais engraçado, entretanto, é que essa mídia ainda imagina que, fazendo isso, vai privar o seu leitor dos fatos. Talvez pensem os donos-barões desses velhos jornais e seus editores-capachos que ainda estamos no século 19, quando os fatos só eram revelados quando o jornaleiro gritava "Extra, extra, extra!!!". Essa visão é um misto de arrogância e estupidez, pois estamos em plena era digital, de comunicação descentralizada e distribuída em rede.

Ao olhar apenas para o próprio umbigo cheio de interesses escusos e desprezando o poder de comunicação que todos ganhamos com as mídias sociais, a velha mídia não está metralhando apenas os fatos, mas também os próprios pés. Ao que tudo indica, esse modelo comunicativo vai, muito rapidamente, escorrer para o mesmo esgoto em que está mandando a verdade.

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