terça-feira, 29 de outubro de 2013

Maísa, 11, não quer engravidar já



Maísa, aquela garotinha que Silvio Santos transformou numa apresentadora de auditório, diz a uma revista de fofocas publicada pela Globo: "Estou solteira, solteiríssima. Não é hora de namorar ainda, sou muito nova e não quero engravidar por enquanto" (clique aqui para ler).

Maísa tem 11 anos.

Oi?

Isso mesmo! Maísa tem 11 anos, mas em sua cabeça já trafegam temas como relacionamentos amorosos, sexo e gravidez. Isso além de toda a pressão de ser uma profissional precoce da TV.

Claro que, ainda mais na era da multi-informação digital, garotos e garotas merecem ser educados sem mistérios nem moralismos castradores, tampouco manipulados por tabus ou preconceitos sobre a vida, seus riscos, oportunidades e prazeres. Mas, e a infância?

Num tempo em que a existência é condicionada ao consumo e a comunicação de massa se limita ao show e ao sensacionalismo, as crianças estão entre as maiores vítimas. A publicidade (para a qual o jornalismo presta serviço, subserviente ao todo-poderoso mercado anunciante) descobriu que colocá-las na mira de seu canhão de apelos gera mais dividendos. Primeiro, porque antes dos sete anos de idade não fazemos a relação entre causa e consequência. Segundo, porque, sobrecarregados de trabalho e com pouco tempo em casa, pais e mães ficam mais vulneráveis aos desejos dos filhos. Fecha-se, então, o ciclo. Um exemplo? Xuxa prestou-se a essa indústria e fez escola, com uma estratégia infalível: a loirinha sensual faz a cabeça dos baixinhos e os baixinhos fazem os pais comprarem.

Soma-se a isso outro fenômeno muito grave: a erotização precoce. A fórmula de transformar crianças em adultos não só as torna monstrinhos consumistas, mas também as sexualiza antes mesmo que cheguem à puberdade. Aliás, sobre isso, Frei Betto fala com muita propriedade, ao dissecar a estratégia do mercado: incitar nas crianças os apelos ao consumo e à sexualidade para que, embebedadas pelo mundo adulto, sejam consumidoras sem senso crítico.

Não tenho absolutamente nada contra o sexo (muito pelo contrário!) e acho absurda sua demonização, feita por muitas religiões que escravizam seus fieis a um moralismo estúpido. Mas sou a favor da infância e do direito inviolável de as crianças viverem como crianças. 

Maísa não quer mais brincar. Aos 11 anos, ela já tem muitas preocupações: o trabalho, a carreira, a fama, os relacionamentos amorosos, a idade certa para engravidar e as entrevistas para revistas de fofocas. Sua infância foi roubada, violentamente, por uma paternidade/maternidade que não educa e por uma mídia vendida aos seus anunciantes, ao dinheiro e sem nenhum valor da vida.

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