sexta-feira, 13 de junho de 2014

O c* e a quem falta educação

Depois da minoria branca, cheirosa e rica que tem dinheiro para ir até a ala vip da abertura da Copa e, de lá, mandar Dilma "tomar no c*", é a vez dos que não podem pagar tanto mas compartilham, em êxtase pelas mídias sociais, o coro dos bem-nascidos que arrotam discursos por um país moderno porém agem no campo da barbárie e da truculência.

O que se quer é mais educação, mais ética, mais honestidade? Que tal começar praticando tudo isso?

Será que esse pequeno coro do estádio e seus ventríloquos digitais não tiveram mãe e pai para ensinar que é feio mandar alguém "tomar no c*", ainda mais em público -e, no caso, diante das câmeras vistas por bilhões de pessoas pelo mundo? E aos seus filhos, que exemplo querem dar? O de ofender o coleguinha ou a diretora da escola de que não gostam, tornando-se trogloditas quando adultos?

“Ah, mas a Dilma é péssima presidente, seu governo é medíocre e eu odeio o PT”, dirá o defensor do xingamento. Ora, já ouviu falar em democracia representativa, cara pálida? Já usou o dinheiro que lhe sobra para ler alguma obra iluminista; entender que a Idade Média acabou e a Revolução Francesa trouxe luz à relação entre o Estado e as pessoas? Já pensou que seu poder é muito maior e mais válido nas urnas e nas ações que pode encampar como cidadão do que vomitando palavras chulas num estádio?

Eis uma reflexão a se fazer num país que clama por melhor educação: será que bastam os diplomas de quem pode pagar caro por eles nas melhores grifes universitárias? Ou será que precisamos ensinar, principalmente à nossa elite (e aos que se acham como tal), o mais básico para uma civilização: o respeito à integridade do outro, à opinião do outro, aos direitos do outro, com senso de democracia, coletividade e sustentabilidade? 

Ontem, enquanto na ala vip do estádio de mármore se gritava “vai tomar no c*”, pela periferia (onde nascem os craques do futebol) se gritava “goooooooolllllllllllllllll”; enquanto a elite que se acha pensante misturava futebol com política, as pessoas simples aproveitavam o jogo para torcer por sua seleção; enquanto os diplomados e especialistas partiam para agressão, os que trabalham duro para pagar os estudos se abraçavam em festa. Quem precisa de educação?

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