quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Folha faz assessoria aos EUA



Manchete de hoje da Folha de S.Paulo deixa claro por que o jornal deu destaque, no início desta semana, ao fato de o governo brasileiro ter "espionado" agentes internacionais aqui. O jornal forçou a barra, comparando observações que um setor de inteligência faz, em qualquer país, com quebra de sigilos digitais alheios, invasão de contas e de privacidade, afronta a leis internacionais e, portanto, crimes cometidos pelos EUA contra brasileiros, alemães etc...

Questionei a ombudsman da Folha anteontem sobre o tema, via e-mail: "O jornal confunde o leitor ao misturar quebra de privacidade na internet, um crime praticado pelos EUA contra vários países do mundo (caso que projetou nosso país ao ser firme em defesa da soberania), com observações feitas por órgãos de inteligência do governo brasileiro, prática comum a qualquer Estado do mundo. São coisas diferentes, mas para a Folha foi um pretexto para confundir a cabeça do leitor e passar o seguinte recado: o Brasil reclama de Obama, mas também espiona. Ou seja, o Brasil é hipócrita, o Brasil é mentiroso, o Brasil é ridículo!!! Vivam os EUA!!!". E ela me respondeu, concordando: "Prezado Marcos, eu acho que o jornal deveria deixar mais clara a diferença entre a espionagem patrocinada pelo governo brasileiro e o que o governo Obama está sendo acusado de fazer. Não é só um problema de escala, como foi dito ontem".

O que a Folha queria com a manchete de segunda-feira está publicado hoje: através da confusão maliciosa, prestar serviço ao governo americano, que aproveita a "notícia" para dizer que "todos espionam". Bingo! Ou seja, deixem os EUA dominarem o mundo por meio de práticas subterrâneas, desonestas e que minam o espírito de cidadania e dos direitos individuais. E o Brasil que saiba qual é o seu lugar: de colonizado subserviente (como é o jornal em relação aos seus anunciantes, ao grupo político que o patrocina e também aos heróis da terra do Tio Sam).

Não estranha um jornal que ofereceu seus caminhões à ditadura e chamou o ciclo militar brasileiro de "ditabranda", tentando dizer que não foi um período violento, fazer esse tipo de "jornalismo". Só seria mais honesto a Folha trocar o slogan que mantém na capa ("Um jornal a serviço do Brasil"). Que tal passar para "Deus salve a América?".

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