quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Presidente Jango

Imagem: Agência Brasil
Jango era chamado de comunista porque queria relações comerciais do Brasil com a China, a mesma China com que o mundo inteiro, hoje, quer (e precisa) ter relações comerciais. 

Na verdade, Jango foi vítima de um grande golpe que atingiu vários países da América Latina. Um golpe financiado pelos Estados Unidos, que tiveram como capachos as elites econômicas e a velha mídia, representante-Mor (ontem, hoje e sempre) do conservadorismo predador nesses países. 

Jango foi deposto, peregrinou em exílios e morreu de forma estranha, tal qual Juscelino Kubitschek e outros ex-presidentes de países que sangraram em ditaduras (que, no Brasil, foi apenas "ditabranda" para a Folha, cujos caminhões eram emprestados aos militares torturadores numa cumplicidade sangrenta com a ditadura da qual participaram Globo, Estadão e afins). 

Na verdade, tudo indica que Jango, Juscelino e os outros foram mortos pelos mesmos golpistas que implantaram os regimes ditatoriais. A propósito, um documentário muito interessante, chamado "Dossiê Jango", foi lançado este ano e vale muito a pena assistir, pois mostra evidências de que Jango foi envenenado para nunca mais haver o risco de ele voltar ao país onde não pôde exercer seu legítimo mandato presidencial (escrevi sobre o filme logo que assisti no cinema, em julho - CLIQUE AQUI para ler).

Esse capítulo da história permanecia em aberto, como um livro inconcluso e abandonado, uma ferida que não cicatriza em uma das pernas da democracia brasileira. Hoje, ao menos a obra foi reaberta bem na página em branco, respingada de sangue: os restos mortais de Jango chegaram a Brasília e passarão por exumação. 

A chegada de Jango à capital federal é, em si, um capítulo a parte: depois de crucificado pela mídia catastrofista (a mesmíssima de hoje), deposto, exilado, possivelmente morto pela tirania e quase esquecido pela história e pela Justiça, ele é recebido com honras de chefe de Estado, como foi, de fato, escolhido pela vontade popular (pois, na época, o vice também era escolhido nas urnas).

A investigação (tardia) da morte e a possibilidade de o Congresso anular a sessão que depôs Jango fazem, simbolicamente, a história começar a ser reescrita, do presente para reparar o passado. Quem sabe para que, no futuro, estejamos completamente livres dos cálices de vinho tinto de sangue e do "cale-se", tão bem definidos por Chico Buarque.

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