Imagem: Agência Brasil |
Na verdade, Jango foi vítima de um grande golpe que atingiu vários países da América Latina. Um golpe financiado pelos Estados Unidos, que tiveram como capachos as elites econômicas e a velha mídia, representante-Mor (ontem, hoje e sempre) do conservadorismo predador nesses países.
Jango foi deposto, peregrinou em exílios e morreu de forma estranha, tal qual Juscelino Kubitschek e outros ex-presidentes de países que sangraram em ditaduras (que, no Brasil, foi apenas "ditabranda" para a Folha, cujos caminhões eram emprestados aos militares torturadores numa cumplicidade sangrenta com a ditadura da qual participaram Globo, Estadão e afins).
Na verdade, tudo indica que Jango, Juscelino e os outros foram mortos pelos mesmos golpistas que implantaram os regimes ditatoriais. A propósito, um documentário muito interessante, chamado "Dossiê Jango", foi lançado este ano e vale muito a pena assistir, pois mostra evidências de que Jango foi envenenado para nunca mais haver o risco de ele voltar ao país onde não pôde exercer seu legítimo mandato presidencial (escrevi sobre o filme logo que assisti no cinema, em julho - CLIQUE AQUI para ler).
Esse capítulo da história permanecia em aberto, como um livro inconcluso e abandonado, uma ferida que não cicatriza em uma das pernas da democracia brasileira. Hoje, ao menos a obra foi reaberta bem na página em branco, respingada de sangue: os restos mortais de Jango chegaram a Brasília e passarão por exumação.
A chegada de Jango à capital federal é, em si, um capítulo a parte: depois de crucificado pela mídia catastrofista (a mesmíssima de hoje), deposto, exilado, possivelmente morto pela tirania e quase esquecido pela história e pela Justiça, ele é recebido com honras de chefe de Estado, como foi, de fato, escolhido pela vontade popular (pois, na época, o vice também era escolhido nas urnas).
A investigação (tardia) da morte e a possibilidade de o Congresso anular a sessão que depôs Jango fazem, simbolicamente, a história começar a ser reescrita, do presente para reparar o passado. Quem sabe para que, no futuro, estejamos completamente livres dos cálices de vinho tinto de sangue e do "cale-se", tão bem definidos por Chico Buarque.
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