terça-feira, 13 de agosto de 2013

Robocop Gay para Feliciano


A inusitada reação de dois jovens diante da  presença de Marco Feliciano em um voo, dirigindo-se até sua poltrona, cantando e dançando o "Robocop Gay" dos Mamonas Assassinas, é muito interessante. Se, por um lado, configura brincadeira, por outro mostra maturidade. Alguns viram isso como um insulto ao político, intolerância às avessas e coisas do tipo. Eu adorei.

Justifico. Feliciano é um homem público, representa a população no Congresso Nacional (ganhando alto salário oriundo de impostos para tanto) e é para o país todo que deve dar satisfação de seus atos. Soma-se a essa condição sua postura desrespeitosa com segmentos da sociedade, como mulheres (a quem ele não quer garantir atendimento em caso de estupro), gays (que ele quer "curar") e negros (descendentes de uma "maldição", segundo ele). A dança foi, portanto, pouco, pois um ser tão intolerante não mereceria sequer ser eleito a síndico de prédio.

O mais interessante, porém, é que o engraçado protesto dentro da aeronave não foi feito por gays (como chegou a acusar o próprio Feliciano, se dizendo vítima de "assédio" de homossexuais). A explicação dos dois rapazes é uma aula de Estado de Direitos: "Há vários motivos que motivaram esse protesto, não só a causa gay. As declarações de Feliciano são uma violência para a sociedade em geral, não só para uma minoria", dizem. Ou seja, agiram indignados com a postura do deputado contra o direito de cada um ser o que é. E aí está o componente de maturidade.

Se queremos representantes políticos que não maculem a construção de uma sociedade livre e justa, temos de aprender a incomodá-los, sim. Com criatividade e bom humor, fica ainda melhor. E quando se age além do olhar apenas para o próprio umbigo, transcende-se para o sentido máximo da vida em sociedade: o respeito às diferenças e, mais que isso, a tomada de atitudes em favor delas. 

O Robocop Gay para Feliciano foi um show de cidadania.


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