domingo, 8 de setembro de 2013

A coxinha azedou


O que deveria ser o maior protesto da pátria amada, salve, salve, não passou de atos isolados: algumas vidraças quebradas, uns mascarados pregando o fim do capitalismo com uma lata de Coca-Cola na mão e poucos jovens mimados que nunca fizeram nada fora da asa dos pais gritando pela volta da ditadura militar.

Sorte deles que numa democracia cabem até os temas mais bizarros, inclusive contra a própria democracia conquistada com o sangue de muitos que tinham causa, consciência e coragem sobre o ato de protestar e, por meio da ação nas ruas, construir um país mais digno para todos (e não para o próprio umbigo).

Fica ainda mais difícil de entender o que havia além de 20 centavos nos protestos de junho, quando, de repente, milhões de pessoas resolveram sair às ruas gritando contra a passagem de ônibus e mais alguma coisa que talvez nem lembrem mais, considerando que as ruas murcharam bem na data do 7 de Setembro.

Não, eu não sou contra os protestos, tanto que fui a pelo menos três dos que tomaram as ruas de São Paulo. Acho que foram um marco de um Brasil que, a despeito das melhorias sociais (atestadas pela ONU), está incomodado com os muitos problemas que há, e sabe gritar contra mazelas. 

Acontece que a carência de temática clara e as causas rarefeitas dos protestos de junho abriram espaço para os calabouços mais reacionários da sociedade se apropriarem do movimento. E deu no que deu: gente usando a liberdade de protestar para protestar contra a liberdade.

A coxinha do 7 de Setembro azedou. Sorte do Brasil que existe além dos Jardins e do Leblon.

Um comentário:

  1. Só me faltava o cara que se diz socialista, ir no protesto com um Iphone usando a capa do Che Guevara. Se é socialista, então que abra o sinal de sua internet.

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