sábado, 14 de setembro de 2013

As togas e a globeleza

 
Então, Joaquim Barbosa não aguenta mais o julgamento do chamado "mensalão"? Quer terminá-lo o mais rápido possível para que as penas sejam executadas e os condenados as cumpram? Ora, por que o próprio Barbosa faz do caso um picadeiro ridículo que transforma o plenário da suprema corte da Justiça em uma arena da mídia?
 
O que fez o presidente do Supremo na semana passada senão arrastar para as capas da mídia o que poderia ter sido decidido na quinta-feira? Todo o circo foi preparado e protagonizado pelo juiz-Batman, com sessões suspensas e intervalos estratégicos  para o caso ser fermentado mais uma semana nas manchetes da velha mídia (a capa da Veja, por exemplo), que agora colocam o decano Celso Mello na cruz: ou ele vota como querem os "barões da verdade", ou será levado à masmorra.
 
Um dos mais patéticos papéis foi desempenhado por Gilmar Mendes, que protagonizou um teatro que faria inveja a Shakespeare. Parecia estar em um palanque da moralidade o mesmo Mendes que concedeu liberdade ao médico Roger Abdelmassih, condenado a quase 300 anos de prisão por estuprar mais de 40 de suas pacientes e que, graças à atitude de Mendes, fugiu do Brasil. Ora, doutor Gilmar, não somos tão idiotas assim!
 
O caso mensalão (do PT, pois o do PSDB já virou pizza) expôs a Justiça brasileira a um vexame histórico. O mais alto tribunal do país se curvou às vaidades dos seus integrantes togados, cujos discursos parecem feitos sob medida para ser anunciados por Willian Bonner e Patrícia Poeta.
 
Não se trata de achar que José Dirceu é inocente, mas de entender que a lei deve ser igual para todos os criminosos e não criminosos. E, se a lei permite um absurdo excesso de recursos por parte de acusados e condenados, que se mude a lei e que ela passe a valer para TODOS, não apenas em um caso cercado de interesses específicos.
 
Joaquim Barbosa, com ajuda dos coadjuvantes Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, que concedeu habeas corpus ao assassino da irmã Dorothy Stang, transformou o STF em uma pornochanchada diante da qual quem não gosta de José Dirceu deve estar em êxtase. Porém, abre-se um precedente para que os direitos de todos estejam à mercê das cinco famílias que sempre mandaram na opinião pública brasileira e fazem do Judiciário seu quintal.
 
Barbosa está trocando as togas pelo tapa sexo da globeleza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário