É triste um tempo em que o que vale é chamar a atenção, não interessa como, nem baseado em quê. E são muitas as pessoas que se sujeitam a esse expediente. Danilo Gentili é um dos baluartes em aparecer a qualquer custo -muitas vezes, ou quase todas, ofendendo e distribuindo preconceitos.
A última dele está no site IG de hoje: "Não sou ator, sou heterossexual", diz. Ao ler o título, me veio a memória o dia em que vi Gentili palestrando para estudantes numa feira de profissões aqui em São Paulo. Ele ainda estava no CQC e, apesar do celebritismo em volta dele, pouco ou nada se aproveitava das suas "dicas profissionais".
A pérola da palestra foi quando uma garota perguntou o que ele achava das artes cênicas, quando o humorista-apresentador-palestrante disparou: "Não gosto de teatro, pois sou heterossexual". Ou seja, o que Gentili demonstrou tanto na palestra como demonstra agora é que as profissões são restritivas a gênero e sexualidade. E, de repente, um jovem heterossexual desiste de um sonho por causa dessa bobagem falada para causar riso, sem nenhuma preocupação em ajudar quem está querendo ser orientado.
Seres como Gentili são cada vez mais abundantes na TV brasileira, refém absoluta do ibope. E eles são (bem) pagos para fabricar polêmicas. O velho modelo televisivo, que vai do Pânico ao Zorra Total, passando pelas novelas da Globo, deve morrer abraçado a essas figuras, a considerar a queda livre na audiência face à internet. E há motivos. Enquanto a TV paga fábulas a Gentilis, nas novas mídias digitais surgem o humor inteligente de quem empreende novas idias, como o Porta dos Fundos e as análises criativas de PC Siqueira no Youtube, ou as postagens geniais do Marcelo Cidral no Tumblr, o Jefferson Monteiro no Facebook e tantos outros. Esses caras não estão só pensando em aparecer e ganhar dinheiro, mas em propor algo novo, criativo, interativo, inteligente e que gera algum senso crítico.
Por essas e outras a velha mídia é velha, porque ela ainda repete o que há séculos existe de pior no ser humano, sempre considerando o espectador um idiota. Acontece que o espectador não é um idiota. E os tempos em que a TV era a única tela mágica e sedutora acabaram.
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