Já admirei mais Marina Silva antes de ela sair em defesa do fascista Marco Feliciano e de flertar com a direita travestida de social-democrata.
Marina tem uma história incrível de superação e convívio com a sustentabilidade, mas no jogo do poder cedeu a forças contrárias aos avanços sociais brasileiros e, para tentar viabilizar seu partido na reta final, aderiu ao velho jeitinho de propor flexibilização de regras.
Hoje, entretanto, será o dia em que definirei minha visão sobre Marina Silva. Ela tem dois caminhos: a coerência ou o poder a qualquer custo.
Lembremos alguns capítulos de sua história para entender, primeiro, o que seria coerência. Marina saiu do governo Lula porque disse não conseguir viabilizar um projeto de sustentabilidade no Ministério do Meio Ambiente. Trocou o poder pela consciência. E foi respeitada em sua decisão até pelo próprio Lula (que disse recentemente que ela é uma pessoa "extraordinária"). Depois, deixou o PV por incompatibilidades entre sua ética política e as decisões do partido. Foi quando decidiu criar a Rede Sustentabilidade, que, a despeito do enorme prestígio de sua criadora, não conseguiu as assinaturas suficientes para ser efetivada em tempo de participar da disputa presidencial. Antes da decisão do Tribunal Superior Eleitoral, Marina continuava optando pela coerência: sua candidatura era pela Rede ou por nenhuma outra sigla, ela dizia.
Agora, Marina está no meio de um leilão e parece gostar dele. Tem convide do PPS, do PSDB, do PEN e de tudo quanto é partido para se filiar e se candidatar por alguma legenda à presidência. Lógico que os partidos estão de olho no fato de ela ser a segunda colocada nas pesquisas (muito mais que em qualquer ética política). Até a Globo, que elegeu Collor, está pressionando Marina a se juntar a Aécio Neves, sendo sua vice.
A decisão da ex-ministra mostrará sua índole.
Se ela optar por perder os anéis mantendo os dedos, fiel a princípios independentemente da disputa do ano que vem, continuará tendo minha admiração (apesar de eu não ser seu eleitor, pois não consigo engolir seu lado fundamentalista religioso indisfarçável). Se migrar para a odiosa nova direita do baladeiro Aécio, do vampiro Serra ou do recalcado Freire, cujo único projeto é jogar pedras e manipular fatos, estará rasgando as justificativas usadas para criar a própria Rede (e os próprios princípios que diz ter).
Marina mostrará hoje ao Brasil se tem mesmo uma terceira via a apresentar ao país ou se é apenas mais do mesmo. Ela tem todo o direito de escolher o que quiser, mas o eleitor terá também de julgá-la.
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