quinta-feira, 25 de julho de 2013

A manipulação dos números


Por muitas razões e episódios que presenciei em minha carreira profissional, não acredito na forma como veículos de comunicação utilizam números de pesquisas envolvendo o poder político. A leitura dos percentuais pode ser feita de várias formas, priorizando este ou aquele ponto, escondendo outros e criando verdades que parecem absolutas (já que nascem de números), mas não são.

É interessante a forma como os dois maiores sites de informação do país, o Uol e o G1, pertencentes a dois bastiões da velha mídia (Folha e Globo) divulgam a pesquisa sobre a aprovação dos governos Dilma e Alckmin. É clara a intenção de fuzilar um e poupar outro.

Vejamos as chamadas de capa de ambos, praticamente iguais (fiz o print screen das primeiras manchetes do dia sobre o tema): "Dilma cai 26% "("de 55% para 31%") e "Alckmin é aprovado por 26%". Observem-se os verbos: ela "cai", ele "é aprovado". Curiosamente (!), o Ibope não deu mecanismos comparativos para saber se os governadores caíram em relação ao período pré-manifestações, mas, independente disso, dá para ver que Alckmin é menos aprovado que Dilma, tendo 26% de ótimo/bom enquanto ela ainda tem 31%, mas essa leitura também não se faz.

O que mais escancara a proteção ao governador tucano, entretanto, encontra-se apenas nas entrelinhas: Alckmin é o terceiro pior avaliado numa lista de 11 governadores brasileiros. Lá embaixo do texto (nunca no título nem em destaque), bem disfarçadamente, a Folha diz "Cabral Filho, governador que vem sendo alvo de frequentes protestos no Rio, é o pior avaliado, seguido por Perillo e Alckmin".

Que Dilma foi atingida pelas manifestações de junho e cai em popularidade, não restam dúvidas (e a manchete me parece certa). Ela tem a maior vidraça entre todos os políticos, é a presidente. Que seu governo que pouco dialoga também tem dado motivos para críticas, idem (e isso rende outras postagens). Entretanto, metralhar um lado da moeda e proteger outro é desonestidade. Merece mais destaque o pequeno índice de aprovação de Alckmin do que o fato de ele ser o terceiro pior avaliado? Que regra jornalística é essa? Ah, sim, a regra da velha mídia...

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