quarta-feira, 31 de julho de 2013

Bolsa Família versus presídios

Os Retirantes, de Portinari
O Brasil tem aproximadamente 500 mil presos em penitenciárias e delegacias, segundo dados divulgados este ano pelo Ministério da Justiça. Esse índice só cresce. Dez anos atrás, eram menos de 120 mil e já não há presídios suficientes para a população carcerária brasileira. O custo só para manter os detentos passa de mil reais mensais por preso.

O mesmo Brasil tem quase 13,7 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família, segundo dados de 2012. O programa começou em 2003 e, em uma década, quadruplicou. O custo desse dele é, em média, de 121,6 reais mensais por família atendida (os valores por lar são diferentes, definidos conforme a condição de cada um).

Nos presídios, a grande maioria dos detentos não faz absolutamente nada além de aprender novos requintes de violência e crueldade em celas insalubres. Para receber o Bolsa Família, é preciso que as crianças estejam matriculadas em escolas e com a carteirinha de vacinação em dia. 

Os presídios não recuperam criminosos e prova disso é a reincidência de crimes no Brasil, que chega a 70%. Ou seja, 7 de cada 10 bandidos presos voltam a assaltar, roubar, matar etc. Em relação ao Bolsa Família, 5,8 milhões dos beneficiários já deixaram de receber o dinheiro do Estado, sendo 40% deles por terem conseguido ganhar uma renda maior que o benefício. Ou seja, 2,3 milhões de brasileiros "aprenderam a pescar" graças ao Bolsa Família.

Esses números servem de base para refletirmos acerca da visão limitada e reacionária segundo a qual transferências de renda por meio de programas assistenciais gera "vagabundos" encostados no Estado. Em vez disso, devemos lembrar que a desigualdade gritante do capitalismo selvagem gera marginalização e marginalização gera exclusão, violência, causando prejuízos muito maiores que os financeiros a toda a sociedade (inclusive aos mais abastados, que passam a ser alvo  maior da violência).

Pode-se dizer -e com razão- que é preciso ir além do Bolsa Família. Sim, mas ele é um começo para um país que sempre foi governado da elite só para a elite. Prova disso é que, nos anos 90, a mesma quantia que hoje se gasta com o Bolsa Família era torrada nas altas taxas Selic, e caía nas mãos de especuladores que nada mais são que vagabundos ricos, pois não fazem nada além de pôr e tirar dinheiro da ciranda financeira.

Um comentário:

  1. Trabalho em escola, e posso dizer que há um controle periódico de presença dos alunos que recebem a bolsa, não é balela. Tempos atrás estive no Ceará e conversei com uma professora e ela me disse que a evasão escolar diminuiu bastante por conta da bolsa família

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