quarta-feira, 17 de julho de 2013

São as classes, cara pálida!

Anne Hathaway como operária no filme "Os Miseráveis"
Os médicos protagonizam uma grande manifestação classista pelo país (ontem, fecharam a Paulista), motivados tanto por razões pertinentes quanto por um corporativismo tão antigo quanto todas as mazelas da saúde brasileira. 

A infraestrutura da saúde no país (ou, a falta de infraestrutura adequada) é a razão pertinente, mas ela não se resume à saúde pública. Quem depende de grande parte dos convênios (muitos deles administrados por médicos) sabe o que é amargar demoras absurdas no agendamento de consultas, péssima qualidade de serviços de plantão e outras tantas dificuldades para ser bem atendido. Ou seja, só bater no SUS é poupar os médicos empresários que administram esses convênios com regras piores que as do sistema público, já que lucram com o atendimento ruim.

Chego, portanto, à questão do corporativismo. Não tem sentido um médico que labuta madrugada adentro no SUS e em convênios gritar junto com um dono ou executivo de seguradoras de saúde que superlotam a carteira de clientes motivado pelo lucro fácil. Podem ser formados no mesmo curso, mas suas ações na sociedade divergem completamente e, muitas vezes, um oprime o outro.

Ou seja, a luta não é de profissões, mas, como já dizia o velho Marx, de classes. Existe uma elite no país que age como agia a elite na França antes da revolução iluminista. Essa elite está na política, no empresariado, no sistema financeiro, na mídia e na saúde. Está também na educação, onde muitos educadores empresários mantêm, por exemplo, faculdades caça-níquel, verdadeiros consórcios de diploma nem um pouco comprometidos com qualidade.

Se queremos, de fato, mudar algo, talvez seja interessante buscar inspiração em Robespierre, grande líder da Revolução Francesa, que disse coisas como: "Não é por um povo que combatemos, mas pelo universo! Não pelos que vivem hoje, mas por todos aqueles que existirão". 

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