terça-feira, 23 de julho de 2013

Boris Casoy e o Brasil sem vergonha

"Feliz ano novo, muita paz, muita saúde e muito trabalho", diziam dois garis às câmeras do telejornal apresentado pelo senhor Boris Casoy no final de 2009, quando o âncora deixou escapar durante a vinheta de intervalo, sem saber que os microfones estavam abertos: "Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. O mais baixo da escala do trabalho".

O rompante de preconceito e elitismo, repugnantes a qualquer ser humano e ainda mais inadmissíveis a um jornalista, gerou indignação na época e um processo movido pela categoria ofendida. Mas hoje Boris e a Band obtiveram uma vitória: foram isentados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo de pagar multa de 3,5 milhões de reais por danos morais coletivos aos garis. Restou uma indenização de 21 mil reais a cada um dos garis que aparecem no vídeo, um valor mísero para uma emissora de TV, que cobra mais que isso por alguns segundos de propaganda.

A decisão pró-Boris é um escracho não apenas aos garis, mas a todos os brasileiros pobres, vítimas de um sistema judicial que, historicamente, privilegia quem tem dinheiro e bons advogados para transitar pelas brechas dos parágrafos da legislação brasileira. Se não é dano moral dizer que humildes e sinceros votos de feliz ano novo de dois garis são uma "merda" porque esses seres humanos ocupam "o mais baixo da escala do trabalho", o que mais seria?

Venceu Boris Casoy, sua histórica petulância preconceituosa e seu falso moralismo que sentencia seus desafetos ao jargão do "isto é uma vergonha". Venceu a elite acima do bem e do mal, que tripudia sobre a lei. Perdemos todos nós e o Brasil, país que ainda tem em atividade no jornalismo (e vencendo em tribunais) um profissional que não aprendeu sequer a respeitar gente.


3 comentários:

  1. Não assisti o vídeo quando do ocorrido e nem agora, tal a "vergonha alheia" que senti quando fiquei sabendo... Infelizmente, mais uma vez impera a injustiça em nosso país. Agora, imaginemos que fosse outro cidadão qualquer a proferir essas palavras; certeza que a decisão do Tribunal seria bem diferente.

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  2. Infelizmente tinha um conceito especial com este senhor, pois o achava íntegro e coerente em suas observações.
    Porém, após este fato, fiquei com asco deste ser e não assisto mais o telejornal apresentado por ele.
    É o meu repúdio, mesmo que isolado!

    Um grande abraço, Marcos!

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  3. já não gostava dele até antes do fato lamentável, e desde então me nego a assistir o seu "jornal". Camarada preconceituoso e estúpido, e ridículo.

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