sábado, 27 de julho de 2013

Laicos?

Foto formando uma auréola no papa foi usada por toda a mídia:
a santificação do pontífice em um jornalismo beato
Já faz quase uma semana que não há outra notícia na mídia que mereça mais destaque e espaço que o papa Francisco no Brasil. E as abordagens extrapolam todos os limites da objetividade, imputando ao pontífice a condição de santo, milagroso, acima do bem e do mal, onisciente e incriticável.

O Brasil, legalmente, é um Estado laico, o que não significa que seja um país antirreligioso. Estado laico é aquele cujas leis não são subordinadas a dogmas, mas servem a todos, religiosos ou não. Somos laicos no papel, mas não na prática, até porque nossos próprios legisladores se acovardam diante de temas que vão em desacordo com as forças religiosas.

Os três poderes no Brasil estão longe da laicidade e a própria cruz na parede de suas salas demonstra simbolicamente isso. Mas o "quarto poder", a velha mídia, é a maior das beatas a propagar o evangelho como o apóstolo Paulo do século 21. Ela atribui ao papa o melhor conselheiro sobre tudo: das manifestações do país à política, à economia, à cultura, aos hábitos. Mais: noticia que foi Francisco o responsável pelo aparecimento do sol (pérola do G1, sobre a escrevi falei ontem - clique aqui para ler). 

Ver os atores e apresentadores globais ontem representando a Via Crucis foi a apoteose dessa grande missa que viraram estes dias. A mesma Globo que, na programação diária e em sua história, pratica todos os pecados capitais e mais alguns. A mesma Globo que, em seu jornalismo (assim como os outros veículos que se comportam como seu Louro José), nem menciona os gastos astronômicos (que nós bancamos) com a visita de um líder religioso.

Hipocrisia, a gente vê por aqui.

Um comentário: