O exercício diário da informação muitas vezes é um teste aos neurônios. Não pelo desafio de aprender, mas por causa do risco da idiotização. E o problema nem sempre são os fatos em si, mas muitas vezes a forma como qualquer coisa da mais bizarra espécie vira notícia.
No passeio pelos sites, hoje (há tempo não sou cúmplice da derrubada de árvores para ler informações noticiosas), deparo com a Folha-mãe-Dinã, que anuncia, em destaque: "Eike vai renascer das cinzas, indicam astros". E isso não está na seção de astrologia, mas no caderno "Mercado", editoria em que estão (ou, deveriam estar) notícias da economia!
Pode-se dizer que foi um lapso, que a "notícia" foi publicada errada na área de economia, mas não me parece uma defesa aceitável. Simplesmente porque o noticiário envolvendo Eike Batista sempre foi muito mais para o transe do que para os fatos -e não só na Folha, mas nas revistas da Abril e publicações da Globo (clique aqui para ler "Eike Hipocrisia"). Capas e mais capas de periódicos "especializados" estampavam o ex-bilionário como "o cara", e na época se agarravam a parâmetros ainda mais rarefeitos, como especulação, o achismo e a futurologia.
Mas o fato é que Eike naufragou, e sua tragédia se assemelha à tragédia da velha mídia, cada vez menos adepta dos pilares jornalísticos e mais embriagada pelo espetáculo, pelo sensacionalismo e pela manipulação.
Se só os astros parecem dar esperança a Eike, talvez só um milagre salve o velho modelo de comunicação que se pratica, pretensiosamente imparcial e objetivo mas escancaradamente em delírios.
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