A revista IstoÉ que chega às bancas neste fim de semana detona uma bomba atômica envolvendo os governos Alckmin, Serra e Covas no Estado de São Paulo, e se mostra uma rara voz na mídia a não esconder as mazelas tucanas em suas manchetes.
A reportagem revela um “propinoduto” que já desviou R$ 50 milhões em verbas públicas para as obras do metrô e trem metropolitano. O estopim partiu de denúncia da gigante alemã Siemens, que fez acordo com a Justiça para contar como ela própria e outras empresas agiam para formar cartéis e vencer concorrências públicas que envolviam gordas propinas e preços superfaturados.
Entre as provas, está um depoimento bombástico de um funcionário da Siemens, que revela como funciona o esquema. Diz a matéria: "A Siemens subcontratava uma empresa para simular os serviços e, por meio dela, realizar o pagamento de propina. Foi o que aconteceu em junho de 2002, durante o governo de Geraldo Alckmin, quando a empresa alemã venceu o certame para manutenção preventiva de trens da série 3000 da CPTM. À época, a Siemens subcontratou a MGE Transportes. De acordo com uma planilha de pagamentos da Siemens obtida por IstoÉ, a empresa alemã pagou à MGE R$ 2,8 milhões até junho de 2006. Desse total, pelo menos R$ 2,1 milhões foram sacados na boca do caixa por representantes da MGE para serem distribuídos a políticos e diretores da CPTM, segundo a denúncia. Para não deixar rastro da transação, os saques na boca do caixa eram sempre inferiores a R$ 10 mil. Com isso, o Banco Central não era notificado. Durante muitos anos, a Siemens vem subornando políticos, na sua maioria do PSDB, e diretores da CPTM".
Além da Siemens, são citadas outras gigantes a fazer parte do processo, como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui. "As empresas combinavam preços e condicionavam a derrota de um grupo delas à vitória em outra licitação também superfaturada", diz a matéria, que ainda crava: "Só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões".
Se lembrarmos que todo o barulho do "gigante que acordou" nos protestos do mês passado começou justamente com a reivindicação de um transporte público de qualidade, escancara-se o e escracho do grupo político que governa o Estado mais rico da federação há duas décadas, grupo que, ironicamente, é sempre protegido e acariciado pela velha mídia, como se fosse o paladino da moralidade e eficiência administrativa.
As filas insalubres nas estações de metrô e trem de São Paulo não são apenas retrato de um Estado que não sabe planejar e priorizar o transporte público. Cada ser humano que forma a massa apertada nas plataformas e trens não é apenas espremido por políticas incompetentes, mas também roubado por políticos bandidos.
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