Reservei para o meu sábado à noite um legítimo Tarantino: "Django", a que eu ainda não havia assistido no cinema mas, ao primeiro olhar na locadora, trouxe para casa.
Além do sangue, do velho oeste e do olhar debochado diante da morte violenta, coisas tipicamente "tarantinescas", o herói negro é com certeza o melhor do filme. Sua vingança movida por amor contra o horror escravocrata sulista dos EUA tem um sabor tão bom quanto aquelas duas canecas de chope tiradas pelo Dr. Schultz logo nas primeiras cenas.
Mas o motivo deste texto não é falar do filme de Tarantino, até porque, além de entender muito menos que os especialistas da sétima arte, estaria atrasado para fazer isso. Django me tirou o sono pelas cenas horrendas da escravidão e me fez pensar em outro herói afrodescendente, este da vida real: Barack Obama.
Django e Obama têm em comum o fato de serem negros em um país que foi e continua racista. Só que um explodiu a Casa Grande após matar os algozes em tempos de escravidão, enquanto o outro a ocupa após ter sido eleito como o maior líder em tempos de democracia; um fez jus a todas as marcas de chibatadas nas costas, o outro se cala no momento em que se descobre que o país que ele preside invadiu a privacidade de pessoas do mundo todo; um derruba o sistema, o outro o mantém.
Chorei quando Obama foi eleito. Um negro governando um país como os EUA, que até décadas atrás achava que o vaso sanitário de brancos e negros deveria ser diferente, não é pouco. Mas, cadê o "yes, we can" tão bem costurado pelo marketing digital? Onde está a aplicação das causas históricas por trás do "I have a dream"? Que história é essa de invadir a liberdade dos povos, criando uma escravidão digital em defesa do império opressor norte-americano?
Obama está apagado e o motivo é um só: lhe falta fazer jus à cor da coragem e da luta pela igualdade.
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