imagem: Tomaz Silva/ABr |
No "velho" ou no "novo" mundo, um mesmo tipo de mitificação que ecoa de milênios: de um lado do Atlântico, a monarquia "produzindo" um sucessor; de outro, um rei (supremo do Estado do Vaticano) que representa uma religião e, segundo ela, o próprio Cristo na Terra, peregrinando. Em ambos os casos, todos os holofotes.
Não houve nenhuma notícia capaz de sequer arranhar o destaque que esses dois fatos monárquicos ganharam (e ainda ganham) em praticamente todos os veículos e plataformas de comunicação. E é curioso ver símbolos milenares, mesmo com todas as suas contradições com os novos tempos, arrebanhando multidões e monopolizando a pauta na era pós-moderna, a era da imagem, do imediatismo e de conexões virtuais.
Eis um intrigante paradoxo. Ao mesmo tempo em que decaem em importância prática, uma família real que apenas referenda o parlamentarismo britânico e um catolicismo cujos dogmas pouquíssimos católicos seguem à risca pelo mundo seduzem como referência e também como expectativa de fazer surgir algo novo.
Eis um intrigante paradoxo. Ao mesmo tempo em que decaem em importância prática, uma família real que apenas referenda o parlamentarismo britânico e um catolicismo cujos dogmas pouquíssimos católicos seguem à risca pelo mundo seduzem como referência e também como expectativa de fazer surgir algo novo.
Ouso acreditar que a humildade cativante de Francisco e o carisma apaixonante de Elizabeth II suscitam a esperança de que tais traços tão humanos são como flores a brotar metros acima de velhas raízes, transcendendo passado e presente. Sob as rugas de ambos, há fibras que não emergiram do "celebritismo" instantâneo nem do discurso totalmente moldado pelo marketing e para o consumo.
Numa era em que quase tudo tem preço e não valor (parafraseando Oscar Wilde), onde o descartável predomina e o que mais falta é o sonho, Francisco e Elizabeth são como um conto de fadas real, em carne e osso. E alma!
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