imagem: sxc
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Intriga-me o machismo perverso de alguns grupos religiosos. Chegam a tratar a mulher como uma máquina de fazer filhos, totalmente desprovida de condição e direitos humanos.
A mais nova é a pressão para que a Presidência da República vete um trecho de projeto de lei que prevê aos hospitais "profilaxia da gravidez" a vítimas de violência sexual. Entendem tais religiosos, liderados pelo excêntrico Marco Feliciano, que tal trecho gera "subjetividade que dá ao profissional direito de pensar e agir da forma que ele quiser" e isso "poderia gerar um aborto".
Feliciano deveria começar a ler dicionários e entender que "profilaxia" significa "prevenção" (tanto que tal trecho da lei é em relação à pílula do dia seguinte). Mas a questão nem é essa. Vítimas de estupro já podem recorrer ao aborto no Brasil, apesar da enorme dificuldade para serem atendidas nesse direito constitucional. A questão intrigante é a preocupação de tais religiosos com o que é subjetivo e o descaso desumano e bizarro com o que é objetivo: a vítima real, a mulher estuprada!
A mulher, uma vida formada, que chega a um hospital fragilizada e humilhada por uma condição horrorosa (o abuso sexual) não merce respeito em sua integridade e dignidade? Deve ser tratada como uma receptora de esperma e geradora de bebês?
Feliciano vai além: quer que se retire também o trecho da lei que prevê o fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sanitários diante da sua situação. Ou seja, mulher estuprada não pode nem ser bem atendida, nem conhecer seus direitos. Deve ser, em nome de Deus, uma chocadeira ignorante.
É a versão gospel do "estupra mas não mata".
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