imagem: sxc |
Política quase virou sinônimo de palavra chula, um palavrão, daqueles que não se falam em voz alta por medo de ser linchado. O ódio fascista aos partidos, que marcou boa parte dos protestos pelas ruas do país, é um sinal disso. Outro sinal é a carência de novas lideranças e a apatia dos jovens por ideologias.
A própria classe política tem sua parcela de culpa por tudo isso, claro. Boa parte dos eleitos não faz jus ao papel de representante do povo, de figura pública e, em vez disso, se presta aos piores papéis para permanecer eternamente sorvendo o doce gosto do poder. Mas não é só ela.
A mídia tem também sua responsabilidade, ao fingir-se de imparcial porém levantando subliminarmente suas bandeiras e, quando lhe convém, generalizando a atividade como um mal em si (vide O Globo, um dia depois do golpe de 64 comemorando a "glória apartidária" que afundou o país em 20 anos de ditadura sangrenta).
No eleitor, entretanto, os fatores se fecham, afinal, é muito comum no Brasil votar e esquecer o representante horas depois do pleito, não se informando sobre suas atividades, não cobrando suas promessas, não exigindo representatividade. Em geral, não participamos, sequer, de reuniões de condomínio...
Apesar de toda essa pretendida "apolitização" (ou "antipolitização") do país, enquanto cidadãos somos, por condição, seres políticos, e fazemos política até quando decidimos não participar de nada, pois deixamos para outros decidirem por nós.
Portanto, quando queimamos bandeiras em vez de encontrar a nossa (ou criar uma nova), estamos colocando em xeque nossa própria liberdade.
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