O Nascimento de Vênus, de Botticelli |
A "polêmica" que se criou (para deleite da revista, que está agonizando junto com sua editora na crise do papel) é sobre os pelos a mais que haveria na púbis da tal Nanda. Ela não depilou as partes íntimas no mesmo "padrão" de outras ninfetas coelhinhas, daí que toda a nação está em polvorosa, tal qual ficou com Claudia Ohana pelo mesmo motivo.
Não vou comprar a Playboy estimulado por essa estratégia de marketing na qual toda a mídia embarca, tampouco me incomoda a maneira como Nanda se depila (ou não se depila). Mas, me intriga o fato de, em um dos momentos de maior revolução feminina no Brasil (onde as mulheres já são 51% do mercado de trabalho em áreas que exigem diploma superior), a discussão que se dá em torno delas em quase todos os veículos de comunicação é impondo um modelo de desenho de seus pelos pubianos.
Todo esse policiamento me remete à época do espartilho, que sufocava as mulheres obrigando-as a ter o abdômen perfeito, ou aos tempos em que o cabelo comprido era quase obrigatório, pois só homem podia escolher como cortar a cabeleira. Me remete até às burcas dentro das quais elas ainda precisam se esconder e torrar sob o sol do Oriente Médio, aprisionadas pelo machismo. E me faz pensar nos padrões de beleza de hoje, que obrigam as mulheres a serem todas magras, altas, com cabelo liso e quase todas loiras (ou seja, iguais).
Uma atriz, em pleno século 21, ter de explicar por que não se depilou no modelo "bigodinho de Hitler" faz lembrar o próprio nazismo, que impunha um modelo de viver, matando os que não o contemplassem. Aliás, o próprio padrão de "arte" hoje para a Rede Globo é, em si, um motivo de muitos lamentos.
Nas discussões sobre mais ou menos pelos representando um "ideal" de mulher, fico com as taturanas sobre os olhos de Frida Kahlo, mais femininas que quaisquer coelhinhas de púbis "perfeita" que apenas reproduzem a imposição dos machos dominantes.
Excelente colocação! Bjs / Téka
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