> A Criação de Adão, de Michelângelo, afresco no centro do teto da Capela Sistina, no Vaticano |
O título está entre aspas porque não é meu, é do editorial desta semana de Mino Carta (para ler, clique aqui), uma das minhas referências no jornalismo. Mino avalia a frase do papa Francisco, na volta a Roma após visita ao Brasil, em que disse não ser alguém capaz de jugar os gays.
Admiro a perspicácia de Mino ao traduzir os fatos. O título de seu artigo, que emprestei, já diz tudo. E, no texto, me delicio ao ler: "Há uma frase-chave nas pregas das falas de Francisco, 'temos de nos acostumar a ser normais', pronunciada em seguida à informação de que carrega na mesma bolsa o breviário e o barbeador, pois tem o hábito de usá-los diariamente. A entrega à normalidade significa aceitação da verdade inexorável dos fatos. Só para focalizar um fato específico: se há homos e héteros, um católico não poderá deixar de atribuí-lo à vontade do criador", diz o jornalista de CartaCapital (e criador dos mais importantes títulos da história da mídia brasileira).
Parece óbvio aceitar a diversidade da natureza como -desculpe a necessária redundância- "natural" e, portanto, "normal", mas a história provou ser este ainda um desafio. Ora, se desde o início dos tempos existem gays nas mais diversas sociedades, assim como há coito entre animais do mesmo sexo entre outras espécies no meio selvagem, como ainda dizer que os homossexuais são fruto de influências mundanas ou possessões diabólicas? E como ainda entender a sexualidade como uma tabela de 8 ou 80?
A visão de normalidade do papa, analisada sob a ótica de Mino (inesquecível patrono da minha turma de graduação), é bem-vinda em um mundo tão tecnológico quanto ainda rudimentar.
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