A expressão "no pain no gain", que significa "sem ônus não há bônus", ficou célebre na busca pela boa performance acadêmica, profissional, corporal... De universidades a empresas, passando por academias de musculação ou esportes competitivos, a ideia de que sem dedicação não há resultado ganha adeptos. Entretanto, justamente na base educacional (e do Estado mais rico da federação, São Paulo), o "no pain no gain" foi dilacerado ao longo de anos, substituído pela aprovação automática dos alunos, tendo eles aprendendido ou não.
Essa ideia do empurra-aluno começou com o governo Covas, se arrastou pelos seguintes e contaminou também o município de São Paulo, historicamente governado por demo-tucanos. A estratégia política se explica: aprovando o aluno automaticamente ao ano seguinte, mesmo que ele não tenha aprendido o suficiente, é uma forma de maquiar estatísticas de reprovação ou evasão escolar. O resultado, entretanto, são formandos semi-analfabetos.
Contra essa onda do bônus sem ônus (eufemistica e tucanamente batizada de progressão continuada), uma boa notícia está sendo divulgada hoje na maior cidade do país. Volta a valer no ensino municipal de São Paulo práticas como lição de casa, boletim com notas e a possibilidade de retenção do aluno que não aprender em cinco das nove séries do Fundamental (antes, só se podia reprová-lo em duas!). São medidas que, para mim, nunca deveriam ser dissociadas da educação, pois foi com essas obrigações -e na escola pública!- que eu aprendi a ler, a escrever, a me apaixonar pela literatura, pela história, pela filosofia, e a fazer ao menos os cálculos mais básicos.
Claro que a boa educação é um conjunto de medidas que não se resume às exigências sobre o aluno. Nada resolve exigir boas notas sem ensinar bem, sem ter professor comprometido, atualizado e que gosta do que faz. Mas o contrário (ensinar bem sem cobrar aprendizado) é igualmente ruim. Até porque, ao chegar ao mercado de trabalho, dificilmente haverá aprovações automáticas sem a contrapartida do mérito.
O governo Haddad fez bem, portanto, em bombar a aprovação automática demo-tucana. Mais importante que gente saindo da escola é gente aprendendo a ler, a escrever e a entender.
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