> Cães sendo obrigados a inalar fumaça de cigarro em nome da "ciência": crueldade sem limites |
Li com um misto de alegria e tristeza que o desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a Aids avança no meio científico. Alegria porque qualquer descoberta contra essa terrível doença é uma boa notícia, mas tristeza porque o dito "desenvolvimento" passa por testes em macacos. Ou seja, centenas de animais receberão a vacina e, em seguida, serão infectados propositadamente com o vírus HIV.
Que cruel ironia!
A humanidade teria contraído o vírus da Aids ao matar e consumir justamente esses animais, o que configura quase um canibalismo, dada a semelhança genética deles conosco. Agora, na busca da cura da doença, escraviza-se a mesma espécie, sob tortura biológica.
O uso de cobaias fez a medicina evoluir em vários aspectos, sim, mas em outros se mostrou totalmente inútil e, pior, às vezes bastante prejudicial. As primeiras vacinas contra pólio e raiva, por exemplo, passaram nos testes com animais mas mataram humanos. O próprio Albert Sabin chegou criticar o uso de macacos em seus experimentos. E o motivo é óbvio: por mais que tenhamos similaridades com alguns tipos de símios, somos humanos, diferentes deles, com reações distintas diante do contato com vírus, bactérias, drogas, antígenos etc.
Universidades de ponta no mundo, como Harvard, Yale e Standoford já aboliram o uso de animais vivos em laboratórios para aulas práticas. Nos EUA, mais da metade das faculdades de medicina seguem o exemplo, assim como um terço na Europa. Suíça, Holanda, Alemanha, Inglaterra e Suécia já aboliram a produção de anticorpos monoclonais por meio de animais. São exemplos contundentes de que podemos evoluir respeitando mais outros tipos de vida.
Justificam essa possibilidade as novas fronteiras abertas com as tecnologias digitais, que levam para dentro de computadores experimentos que antes demandavam enormes trabalhos de campo. Detalhe: com resultados mais exatos e rápidos. Um dos produtos inusitados dessa nova era tecnológica foi divulgado esta semana: a produção de hambúrguer criado com célula-tronco, sem a necessidade de abate de animal algum, um feito inimaginável até alguns anos atrás.
O entrave para essa evolução está, portanto, menos nas possibilidades e mais na soberba humana, que não tem limites diante da vida. Em um tempo que grita por sustentabilidade, o ser humano ainda confina e tortura outras espécies em enorme proporção -e não só em estudos medicinais, mas também para o desenvolvimento de produtos estéticos (machucando olhos de coelhos, por exemplo, para testar maquiagem) ou por pura diversão (caso das touradas e rodeios). Até para um vício nefasto (o tabagismo), o ser humano escraviza inocentes cães, entubando-os com fumaça para analisar seus pulmões condenados ao câncer.
Precisamos entender de uma vez por todas que somos apenas mais uma espécie e que as leis da natureza não nos privilegiam diante dos outros seres. Somos filhos da Terra, parte de um grande organismo vivo e, se continuarmos a agir como seres supremos, destruindo tudo, vamos destruir, de fato, apenas a nós mesmos, pois o planeta voltará a viver sem nossa presença.
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