quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Beijos

Beijos inusitados, ousados e criativos do meu programa favorito, Os Simpsons

Já se falava em beijo dois mil e quinhentos anos antes de Cristo. Isso é o que se conhece das inscrições nas paredes de templos indianos, pois certamente o toque dos lábios em outra pessoa é ainda mais antigo. 

Entre os persas, na Antiguidade, homens se beijavam na boca; na Grécia, pais e filhos ou amigos também tocavam os lábios mutuamente como forma de carinho; os nobres mais influentes em Roma beijavam a boca do imperador e, na Escócia, já foi comum o padre beijar os lábios da noiva ao celebrar um casamento. A França, no início do século 20, consagrou o beijo de língua.

Eu arriscaria dizer que desde que se inventou a boca, há todo tipo de beijo. De amizade, de carinho, de amor fraterno ou passional, de tesão, de brincadeira, de falsidade, de maldade. Dizem as escrituras que Judas beijou Cristo para mandá-lo à cruz. Mas, pelo mundo todo, casais de todos os tipos se beijam há milênios para concretizar o que há de mais belo entre dois seres: a cumplicidade, o companheirismo, o amor.

No século 21, a humanidade evolui em direitos individuais, mas nos tornamos indivíduos um tanto intocáveis. Nos Estados Unidos, a pátria do puritanismo consumista, o toque é quase um atentado ao pudor e o beijo no rosto pode virar processo por assédio com pedido de indenização, fácil, fácil. Beijo entre pessoas do mesmo sexo, então, é quase motivo para morrer na fogueira em praça pública, tal qual se fazia na Idade Média (e o Brasil é bastante adepto dessa nova inquisição).

Dia desses uma mãe perguntava, numa rede social, em defesa dos religiosos homofóbicos: "Mas, o que direi ao meu filho se, num restaurante, dois homens se beijarem na mesa ao lado". Agora, torcedores machões ficam indignados com o selinho de Sheik, também questionando: "Como vamos ter moral para chamar o sãopaulinos de bambis?".

Se a mãe em questão fosse capaz de educar um filho para a vida, aproveitaria a ocasião para ensiná-lo que o beijo pode ser uma das mais belas formas de carinho e que o amor não deve ter barreiras, assim como todas as diferenças entre as pessoas devem ser respeitadas. Esse filho, então, não seria um torcedor machão, nem usaria um tipo de orientação sexual como piada de mau gosto, ofensa, repulsa. Seria uma grande oportunidade para realizar o milagre de ir além do fazer filho, educando-o para ser gente.

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